Em 2024 o feriado de Tiradentes vai cair num domingo e lembra a morte do mártir Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, personagem importante da Inconfidência Mineira, que foi o primeiro movimento pró-independência do Brasil. No início do século XVI, foram descobertos em Minas Gerais os maiores depósitos auríferos até então conhecidos no mundo. Tão logo iniciou a exploração, o fisco português estabeleceu neles postos de “quintação”, que retiam 20% do ouro extraído em favor da Coroa. Comparada à carga tributária atual, o “quinto dos infernos”, como era chamado o imposto na época, é considerado uma benesse. Mas na época, não.

A medida que a extração avançava, o ouro escasseava e, na mesma proporção, o recolhimento. É curioso, no entanto, como esse fato óbvio era ignorado pelas autoridades da época. Em vários documentos, acusam-se o contrabando e até a dedicação das pessoas à agricultura, que floresceu a partir do segundo quarto do século justamente porque as minas não tinham mais o rendimento de outrora, como causa para a queda na produção. A Coroa insistia na cobrança do quinto. Quando a cota tributária não era atingida, o exército Português invadia as casas para coletar o ouro faltante, a chamada derrama. Isso se perpetuou ao longo dos anos até que a situação ficou insustentável.

Lideranças da Inconfidência queriam a independência política do Brasil em relação a Portugal. O movimento inspirado na Revolução Francesa começou a se aglutinar e a planejar o levante, malfadado e prontamente sufocado. Joaquim José da Silva Xavier nem era uma de suas lideranças. Era um brasileiro livre que atuava como um pequeno minerador, servia ao exército real e, para complementar renda, exercia a profissão de dentista. Silva Xavier convivia com os revoltosos apenas por simpatia ideológica. Mas acabou sendo o bode expiatório.

Foi enforcado no dia 21 de abril de 1792, esquartejado em seguida e partes do corpo foram enviadas aos quatro cantos da capitania.

Imagem: Resposta de Tiradentes, Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro